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PONTEIO


E o gato dormia ao lado dela.
Na cômoda ao lado da cama.
Próximo.
Bem próximo.
Ronronando baixinho com um ronco fofo.
Um ronco fofo.
Um amigo próximo sem se importar com a fumaça do seu cigarro.
Com seu hálito de vodka barata.
Um gato.
Um amigo.
Lindo, peludo e gordo.
Mais gordo do que o necessário.
Mais pílulas do que o necessário.
Mais álcool do que o necessário.
Mais esperança do que o necessário.
Mais gato do que o necessário.
Mais fumaça do que era preciso.
Mais Edu Lobo na vitrola do que o necessário.
Mas nunca é demais.
Nunca.
Mais noite do que o necessário.
Mais noite.
Muito mais.
Menos lágrimas.
Não.
As lágrimas eram as mesmas.
Ela não esquecia.
Não.
Não esquecia e nem dormia.
E chovia.
E fumava.
E chorava.
Muito.
Muito.
Mas o gato não se importava.
Apenas dormia.
E os trovões?
Apenas um ponteio.
Apenas um ponteio.
Um novo começo?
Pode ser.
Pode ser.

“Ponteio
...
Colocar os dedos sobre as cordas de um instrumento musical para produzir o som...”

https://www.dicio.com.br/pontear/



Comentários

Helô Helê disse…
:)

De repente bateu uma saudade e olha só... ele ainda se esconde por aqui :)

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,