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SEMPRE ERRAR... SEMPRE...



- Você me ama? Mesmo? – ela perguntou, perversa, irritada, cínica, canalha.

Ele caiu em silêncio.

- Ama? – ela insistiu – Ama mesmo?

Ele nada respondeu.

Ela pegou um copo vagabundo de vidro na pia suja da cozinha daquele apartamento ridículo dela e encheu com uma vodka ainda mais vagabunda. A única que ela ainda podia comprar.

A única que ela ainda podia comprar.

Ela olhou com para ele desdém e desprezo.

Muito desdém.

Muito desprezo.

Sorriu com seus lábios gordos e deliciosos após um gole da porra da vodka vagabunda e um cigarro acesso.

Cigarro de menta....

Que horror.

Ele ficou quieto.

Apenas quieto.

- Ama? – perguntou novamente.

- Ama mesmo? – insistiu novamente.

Ele a encarou trêmulo e perturbado.

Com a voz rouca disse muito perdido - Claro que amo. Claro. Há dúvida? Alguma? – perguntou, cínico, idiota e infeliz.

Um perfeito idiota, um perfeito cínico, um imbecil.

O tapa na cara foi forte.

Ela encheu a mão.

Ele fingiu que não doeu.

O tapa na cara foi muito forte.

Mas... na alma.... foi ainda pior.

Ainda pior...

Imbecil.

Pobre imbecil.

E foi embora.

Sem saber exatemente o que fazer, mas tendo a certeza de que iria sempre errar.

Sempre errar.

Sempre errar...

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NUCA

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