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AINDA MAIS UMA HISTÓRIA DE AMOR


- Vamos? - ele perguntou, meio sacana, meio safado, muito filho da puta.
Ela olhou com desdém e deu uma boa tragada em seu cigarro antes de responder direta, certa, afirmativa. Cheia de vodka no peito, coragem na cara e força nos punhos - Não! Não vou com você a lugar nenhum. A porra de lugar nenhum.
Ele a olhou com surpresa e respondeu, agora meio tímido, meio constrangido, muito babaca - Mas o Clube Varsóvia é muito legal. E fica ali - apontou - atravessando a rua. Muito melhor que esta espelunca de beira de esquina que só vende pinga.
Ela olhou para trás do balcão e gritou - Ô seu Miguel? Tá ouvindo? O garoto aqui disse que nosso recanto aqui, nestas sextas chuvosas de verão não passa de uma espelunca de beira de esquina que só vende pinga.
Seu Miguel aproximou-se com o olhar raivoso, típico dos europeus orientais. Com seu cabelo molhado, com seu pano de prato imundo pendurado em seu ombro esquerdo, com seu palito no canto da boca perguntou direto e rude - Leticia?
Ela respondeu com a cabeça.
- Que porra de bebida você está tomando? - perguntou com a voz mais ríspida que existe.
Leticia deu um sorriso e respondeu -  Vodka, Miguel, vodka....
- Boa? - Miguel insistiu.
Leticia apenas sorriu e respondeu  - Claro. Como sempre. As usual. Como às sextas feiras.
- Ah - disse Miguel - Boa. Então avisa este filho da puta de seu amigo com um olhar muito sacana, muito safado e muito, mas muito filho da puta, que você só vai ao Varsóvia se quiser. E não por causa de um babaca como ele.
Ela olhou para o dono do bar com muito amor e puxou seu pano de prato sujo perto dela. Sussurrou em seu ouvido - Eu gosto dele Miguel. Eu gosto.
Miguel deu um sorriso discreto e respondeu ainda mais baixo - Então faz este charme e vá logo. Vá antes que acabe de chover. Te prometo que o bar vai continuar aberto até o Varsóvia fechar e vou estar aqui. Para brindarmos o choro ou para para brindarmos o sorriso. Te espero.
Ela deu um beijo em seu rosto e disse, toda esnobe, ao garotinho assustado à sua frente - Vamos?
Ele a olhou com surpresa e respondeu quase gaguejando - Vamos, claro.
E assim o bar continuou aberto enquanto do outro lado da rua, o Clube Varsóvia vivia ainda mais uma história de amor... ainda mais uma história de amor...

Comentários

Anônimo disse…
Tá faltando publicações por aqui...!!
=)
FarmGirl disse…
passei por aqui rsss

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,