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DANÇANDO...


- Nada – ela respondeu desinteressada, sem vontade, sem tesão, sem paixão, sem nada.

Ele a encarou com surpresa e temor – Nada? – perguntou, incrédulo.

- Sim. Nada – ela insistiu e emendou – Nada. Precisa ter alguma coisa? Precisa ter algum motivo? Precisa ter a porra de alguma coisa? Eu já disse. Não é nada – sentenciou.

Ele ficou em silêncio sem saber o que dizer. Levantou, acendeu um cigarro foi até a cozinha e encheu um copo de vodka. Voltou a sala em silêncio. A observou por alguns instantes. Sabia que nada deveria dizer. Ao menos naquele momento. Ao menos naquele específico momento.

- Porra, será que não posso ter dias ruins? – ela perguntou puta, muito puta, muito brava. Muito brava mesmo – Não? Insistiu.

Ele nada disse. Nada. O silêncio se fez som naquele apartamento ridículo dela. Apenas tomou mais um trago e deu mais uma baforada no seu cigarro de menta.

- Olha – ela disse, quase vencida – Eu te amo, mas não dá para ser assim, ok? Não dá. Cansei de flores e telas e quadrinhos coloridos. Quero mais. Quero muito mais que isso – disse.

Ele deu o último gole e a última tragada no cigarro de menta. A encarou como se não houvesse amanhã. A despiu na alma com seu olhar infame. Levantou a pegou pelas mãos, de uma forma suave, sutil, delicada e gentil. Um lorde, se é que ainda existe algum. Perguntou sem disfarces – Quer dançar?

Ela sorriu como há muito não fazia. Como há muito não fazia.

- Claro – respondeu, tímida.

E ele começou os movimentos.

Conduziu e conduziu e conduziu.

O que dançaram?

O bom e velho Sinatra.

O bom e velho Sinatra.

E não importa se ficaram juntos depois da última dança.

O que importa é que a noite foi mágica.

Como todas as noites de casais apaixonados devem ser.

Todas as noites devem ser....


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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,