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O RIDÍCULO CANSAÇO EM UM BALCÃO DE BAR.



Chovia. Muito.

Madrugada alta.

Chovia para caralho e eles estavam lá. Tolos, sentados, entediados, apenas bebendo e esperando a chuva passar.

Amigos.

Muito amigos.

Cúmplices.

Muito mais que isso.

- Cansado? – ela perguntou suave e gentil, sabendo da exaustão dele.

Exaustão física e psicológica.

Exaustão.

Física e psicológica.

Apenas exaustão.

Muita.

Muita exaustão.

Ele apenas consentiu com cabeça enquanto tomava mais um gole da sua vodka e tragava seu cigarro mentolado.

Ficou em silêncio.

Ela sabia o que ele queria dizer.

O que queria responder.

- Você não está bem, certo? – ela insistiu, afirmando e concordando. Sabia que era isso. Tinha certeza do que falava. Conhecia ele há "séculos".

- Sim. Muito cansado. Saco cheio. – ele respondeu sem energia

- De saco cheio e muito, mas muito cansado mesmo. De tudo – ele emendou.

Ela ficou com a expressão triste.

Nada disse.

O silêncio é fundamental em certos momentos.

Fundamental.

- Sabe o saco cheio? – ele continuou - Quando você não suporta mais a sua vida. As coisa estão sempre erradas? É isso. Apenas isso. Nada dá certo para mim na porra desta vida – desabafou.

Ela apenas o olhou. Nada disse. Prosseguiu silente, tomando sua bebida barata e vagabunda. Muito barata e muito vagabunda.

- E o pior. A música aqui é ou está muito ruim. Padaria idiota. Não dá para confiar em rádios baratos. Canalha – praguejou.

Ela apenas sorriu.

Ele era divertido mesmo irritado.

Divertidamente divertido.

Respondeu com sorrisos. Apenas isso.

- Mas tirando isto, o resto está bem – ele ironizou com um sorriso simpático.

- Sabe de uma coisa – ela disse, tentanto quebrar o gelo.

- Não – ele respondeu.

- Eu te amo – ela disparou sem freios e sem paradas.

Amores?

São assim.

Inesperados, delicados e deliciosos.

Inesperados, delicados e deliciosos....

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NUCA

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