Pular para o conteúdo principal

E TUDO O QUE ELA QUERIA ERA SER COMO MOLLY RINGWALD... APENAS ISSO...


- Rosa? – ele perguntou incrédulo – Não acredito! - concluiu, zombando.
Ela o olhou com desdém e retrucou irritada – Qual o problema? Não posso usar rosa? Imbecil.
Ele acendeu um Marlboro e sorriu com ironia fina – Pode. Pode usar o que você quiser minha querida. O que quiser. Você fica bem até vestindo amarelo. A mais horrível de todas as cores. A pior, mas a pior mesmo de todas as cores. Mas diz, a fumaça horrenda do meu cigarro vai estragar o seu belo vestido? – perguntou irônico.
Ela mostrou o dedo do meio para ele, visivelmente irritada.
Ele conseguiu irritá-la.
Ela não.
Ele sorriu.
Ela não.
- Calma querida, parece até que vai ser o encontro da sua vida. O grande momento da sua vida – ele disse, com sarcasmo – O seu grande amor.
- Você não quer ir se foder? – ela disse irritada, enquanto terminava de experimentar o seu vestido – Seria tão bom. Vá, por favor. Vá lá dar meia hora de bunda que pode te fazer bem. Muito bem, seu imbecil.
Ele sorriu ao dar mais uma tragada de seu cigarro e disse, irônico – Você bem sabe que de imbecil não tenho nada.
- Sei. Infelizmente. Mas é mal. Muito mal. Uma pessoa má, seu cretino. Vai embora, por favor – ela pediu.
- Não – ele respondeu – Alguém tem que te defender. Alguém tem que te defender daquele otário que você escolheu como O grande cara da sua vida e que você vai encontrar em instantes e mesmo te defender deste seu péssimo gosto para vestidos – cutucou – Rosa? Vá se foder, que cor escrota – emendou.
Ela levou as mãos à cabeça e começou a chorar. Copiosamente. Estava realmente abalada.
Ele engoliu em seco e percebeu a burrada que fez. Apagou o cigarro e chegou junto a ela.
- Sai para lá seu idiota – ela gritou, afastando-o com as mãos – Sai para lá. Vai embora porra.
Ele abaixou a cabeça e tentou pensar em alguma palavra de desculpa, alguma palavra de perdão, alguma palavra de conforto. Ficou sem saber o que dizer, o que fazer, como se mover. Ficou mudo. Inerte. Lento.
- Vai embora daqui seu filho de uma puta – ela gritou – Você entende alguma coisa? – perguntou – Você não entende nada de coisa alguma, nada de coisa alguma. Nada de nada. Cai fora da minha casa, do meu canto, do meu santuário, do meu lar. Vai embora – gritou.
Ele assentiu com a cabeça, constrangido, e pegou sua mochila.
- Bem, qualquer coisa que voc... – foi interrompido – ... vai embora seu filho da puta. Vai agora – ela gritou interrompendo-o.
Ele virou as costas sem graça. Não disse nada. Apenas abriu a porta e partiu.
Ela, sozinha, começou a chorar como uma criança. Chorou por vários minutos. Vários. Parou, enxugou as lágrimas, levantou-se e tirou o vestido. Jogou o mesmo em um canto qualquer da apertada sala. Sentou-se ao chão com seu cigarro já acesso e apenas pensou por qual razão ele não percebia que não havia ninguém. Não havia absolutamente ninguém além de jogo de cena e ciúme. Por qual razão ele não percebia que não havia ninguém. Maldito cretino. Havia apenas ele e ele e ele... o eterno imbecil na sua vida... o eterno amor da sua vida...  
Idiota...




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,