Pular para o conteúdo principal
Este blog acaba aqui.
Como começou.
De forma rápida, surpreendente, e sem nenhum alarde.
E vai embora da mesma forma.
O Clube Varsóvia não existe mais.
A partir de hoje ele vai, tenho certeza, existir apenas nas mentes deliciosas de vocês.
E no meu coração.
Por todo o sempre.
Eu?
Eu estarei onde sempre estive.
No e-mail e por aí, olhando as pessoas e tendo idéias...
Apenas isto...
Beijos, para quem é de beijos.
Abraços, para quem é de abraços...


O FIM

- Lágrimas? - ela perguntou a ele, percebendo os seus olhos verdes rasos, tão lotados de sentimentos e desespero.
Ele apenas concordou com a cabeça, em silêncio.
- Você não deve ficar assim - ela disse, sem nenhuma convicção - No fim, tudo acaba bem. Tudo sempre acaba bem.
- Na verdade, tudo sempre acaba, não? - ele perguntou, seco.
- Mas acaba bem. Isto é o importante.
- É? - ele perguntou meio com raiva, meio descrente, decepcionado - Você acredita mesmo nisso?
Ela desviou o olhar dos seus olhos verdes, inquisidores e firmes e encarou apenas o Clube Varsóvia. Agora fechado, agora vazio, agora desmontado. O "famoso" Clube Varsóvia, agora sem qualquer vestígio das pessoas que por lá um dia passaram.
- Você acredita mesmo nisso? - ele insistiu - As coisas SEMPRE acabam bem?
- Não - ela respondeu, agora caindo em um choro desesperado e intenso.
- É. Você é como eu. Sentimental demais - ele disse, passando as mãos em seus cabelos.
Ela sorriu e respondeu, afetuosa - Com certeza. Muito sentimental e idiota.
- Como eu - ele disse com um sorriso - E tanta gente viveu seus dramas e histórias aqui, não? - prosseguiu.
- Porra. Nem fale. Tanta, tanta gente. Tantos segredos, sonhos, delírios, viagens, lendas, enfim, tanta vida preencheu este Clube, tanta vida.
- Mas as coisas começam e acabam. A vida não é assim? A vida não é simples assim?
- Eu detesto isto. Detesto prazer e perda. Simplesmente detesto o fim das coisas.
- Meu avô era polonês, sabia?
- Não. Nunca soube.
- Este é um dos motivos de eu ter vindo aqui há tantos anos, mesmo sem saber se o Clube era legal. Clube Varsóvia. Adorava o nome. Tão polonês, tão poético, tão forte, tão gostoso.
- E os outros motivos?
- Ah, tudo o que aconteceu a partir do momento em que pisei aqui pela primeira vez. Foram muitas viagens. Muitas viagens. E, a partir de hoje, o Varsóvia não existe mais. A partir de hoje o Varsóvia está simplesmente fechado.
Ela fez um carinho no seu rosto, apenas para enxugar as lágrimas que escorriam pelo rosto dele - Uma vodka?
Ele sorriu e concordou com a cabeça - Só se for na sua casa. Não tenho mais idade para outros clubes, outras vidas, outras despedidas.
Ela sorriu e disse, rápida - Então vamos. Na minha casa.
E partiram de mãos dadas, sem olhar para trás, sem olhar para o clube agora fechado, o Clube Varsóvia.

E foram conversando...

- Minha mãe me disse certa vez que a vida é uma viagem. E devemos olhar repetidas vezes pela janela para jamais esquecermos o que vimos. Jamais...

E foram embora conversando e conversando e conversando sobre detalhes, passado, futuro, amizade, enfim, foram conversando sobre a VIDA e o que os espera, ou não, lá na esquina...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,