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Mostrando postagens de 2006
Este blog acaba aqui. Como começou. De forma rápida, surpreendente, e sem nenhum alarde. E vai embora da mesma forma. O Clube Varsóvia não existe mais. A partir de hoje ele vai, tenho certeza, existir apenas nas mentes deliciosas de vocês. E no meu coração. Por todo o sempre. Eu? Eu estarei onde sempre estive. No e-mail e por aí, olhando as pessoas e tendo idéias... Apenas isto... Beijos, para quem é de beijos. Abraços, para quem é de abraços... O FIM - Lágrimas? - ela perguntou a ele, percebendo os seus olhos verdes rasos, tão lotados de sentimentos e desespero. Ele apenas concordou com a cabeça, em silêncio. - Você não deve ficar assim - ela disse, sem nenhuma convicção - No fim, tudo acaba bem. Tudo sempre acaba bem. - Na verdade, tudo sempre acaba, não? - ele perguntou, seco. - Mas acaba bem. Isto é o importante. - É? - ele perguntou meio com raiva, meio descrente, decepcionado - Você acredita mesmo nisso? Ela desviou o olhar dos seus olhos verdes, inquisidores e firmes e encarou a
ASHES TO ASHES, DAVID BOWIE, ASHES TO ASHES... - Você quer comer algo? - Letícia perguntou à Clara, assim que entrou no apartamento em que morava. - Não - respondeu Clara, deixando evidente seu constrangimento. O perfume no apartamento era quase igual ao perfume de seda verde descrito por Patricia Highsmith no livro Carol. Perfume de seda verde. Interessante definição para um cheiro inebriante, envolvente, devasso ou mesmo puro. - Tem certeza? Devo ter alguma coisa na geladeira, além de vodka vagabunda. - Não se preocupe Letícia. Por favor. Posso fumar? - Claro - concordou Letícia, indicando com seus dedos longos, suaves, o cinzeiro colorido que estava largado no chão. Os dedos de Letícia eram sensacionais. De uma plástica belíssima. Longos, uniformes, delicados. As unhas, médias, sempre aparadas e bem cortadas. Não importava a falta de grana ou a porra do stress ou mesmo a falta de tempo. Ela, vaidosa, sempre dava um jeito de manter as suas unhas e mãos lindas como um retrato de outo
EM SANTA TEREZA, VOCALISTAS TRISTES CANTAM APENAS BALADAS AMARGAS OU TRIP-HOP Ela ouvia, nítido, o barulho das pessoas ferozes à frente do palco. Uma pequena turba àvida por acordes e guitarras e espetáculo. Você ainda tem medo? - a voz dele ecoou na sua lembrança. O Clube era pequeno. Por mais que o seu primeiro show como cantora fosse uma lembrança adolescente, ela, definitivamente, nunca se acostumaria com o barulho das pessoas e com o cheiro de cerveja e fumaça e maconha que sempre impregnava a atmosfera dos pequenos clubes aonde tocava. Cheiro de pessoas reunidas e desejos. Você é linda. Suavemente linda e apaixonante. Doce. Tão fodidamente doce. Algum idiota anunciou e a banda subiu ao palco. Alguns aplausos, alguns gemidos, assobios, enfim, a reação de sempre. As usual. Ela, mais uma vez, se viu diante de uma platéia. Mais uma vez, ela não estava feliz. Você tem uma obssessão em ser triste. Uma espécie de fixação que eu não quero, e não pretendo, nunca entender. Os acordes começ
ODEIE-ME DOMINATRIX Alguém já viu olhos verdes tão gordos e lindos? Ela era fatal. Uma inebriante Femme Fatale como a canção de Lou Reed e seu underground de veludo. Absolutamente fatal. Fatal e forte e firme e segura e decidida e atrevida e ousada e centrada e todos os demais adjetivos utilizados sem vírgula entre eles. Adjetivos verdeiramente adjetivos. E exatos. Ela era fatal e simplesmente o ignorava. Culpa dele? Claro que sim. Idiota ao extremo, não percebeu que, na verdade, além dos saltos agulha e do corselet preto e do chicote prateado, havia uma garota de olhos gordos e verdes com medo. Insegura e menina demais. Insegura e menina demais para ser deixada de lado. Ele não percebeu. Só isso. Pobre idiota, covarde e medroso. Azar o dele. Agora é tarde para arrependimentos e desculpas. Agora é tarde demais. E nos guardanapos de papel escritos à mão por ele em madrugadas frias e úmidas e bêbadas, repousava a sua culpa e o seu desejo. Não me ignore. Odeie-me dominatrix. E apenas os t
CINEMA MUDO Tensão. Havia tensão no ar. Definitivamente, havia muita tensão. - Você precisa dizer as coisas sem pensar. Precisa fazer mais vezes isto - ela pediu, impaciente - Precisa ser mais seguro. precisa ser mais você. - Preciso? - ele respondeu, pensando muitas vezes antes de responder - É que eu nunca sei quando você fala sério. Ela encarou o teto, irritadíssima e disparou - Faça como quiser, seu porra pretensioso. Quem disse que é para você saber o que penso - Quem disse? Ele nada disse. Pensou em dizer diversas coisas, óbvio, mas ficou em silêncio. Ficou em silêncio tentando achar a palavra perfeita, a frase certa, a entonação adequada, mas, ainda mais uma vez, ficou apenas em silêncio. - Vou indo, então - ela falou - Estou com fome, preciso comer alguma coisa. - Agora? - É, agora, qual o problema? - Nada, mas já são duas da manhã. - E, por acaso, ninguém pode ter fome às duas da manhã? - Não precisa ficar puta - ele pediu, sabendo que havia feito merda a noite toda. Ela olhou
Estava receosa... Señor Varsóvia nunca dera as chaves nas mãos de ninguém antes. O clube estava vazio. A porta fez eco quando ela a abriu. Foi até o bar, pegou uma garrafa de vodca de um jeito meio "foda-se. já que eu to aqui..." Ligou o som... dançou rindo, ao lembrar de tantas bobagens que ele falava quando lhe entregou a chave... "Ok" pensou, "não vou abusar muito disso aqui... não vou mudar nada... gosto das paredes, gosto desse teto imundo..." Mas acima de tudo, gostava dele... Señor Varsóvia... Sentiu-se despreparada para a missão, mas foi em frente. Abriu o cofre, pegou toda a grana, cartas e outras porcarias de lá de dentro, enfiou na mochila velha e saiu com a garrafa de vodca na mão. Trancou a porta, mas deixou uma fresta da janela aberta... se ela quisesse voltar, pularia. Sem a permissão dele. Sabia que eles se encontrariam em algum lugar... Ele não deixaria as chaves com aquela garota que também falava apenas bobagens.. NUNCA MAIS... ele não e
E ELA AINDA MORAVA EM NITERÓI - Você nunca fala sério? - ele perguntou. Ela sorriu, tímida, e ficou em silêncio. - Nunca? - ele insistiu. - Talvez. Deveria? - ela arriscou, sem saber até que ponto podia chegar. Ele olhou para o céu, meio irritado e disse, em um tom de voz mais alto - Claro que sim. Claro que sim. Você tem que aprender a falar sério - insistiu - Ao menos uma vez na vida. Ela sorriu - Não sei. Definitivamente não sei o momento. Não sei o exato momento em que um olhar deve ser substituído por uma palavra. - Não? - ele perguntou. - Não - ela respondeu. - Então deixa eu te dizer uma coisa, minha querida. Algo simples, porém inédito nas nossas conversas. - Você está bravo? - ela perguntou. Ele sorriu, doce - Não, claro que não. Ela retribuiu o sorriso, curvando suavemente os lábios vermelhos, num esboço de simpatia. - Na verdade - ele prosseguiu - Você parece que foge. A todo momento parece fugir. - De quem? - ela perguntou, mordendo os lábios, esperando que ele errasse a re
A CHAIN OF... FLOWERS Ele estava só na sala. Completamente só. Noite alta. Madrugada fria de inverno. Ele estava sozinho. Não havia nada naquela maldita e pequena sala, além dele e de seus álbuns antigos de vinil espalhados numa caixa velha. Discos de rock. Rock dos oitenta, discos que ninguém ouve mais. Ninguém mais quer ouvir. Exceto ele. E ele estava só na sala. Nas estantes, fotografias gastas com imagens de pessoas que não existem mais na sua vida. Imagens de um passado tão distante quanto um módulo lunar. Passado. Passado. Passado. Ele olhava as estrelas e percebia que a vida estava mais curta. No aparelho, Sugarcubes e a voz deliciosa da Björk preenchendo a madrugada. Nas mãos, um cigarro mentolado. Na cabeça, lembranças antigas. No telefone, ninguém. Na sala, apenas ele. Mais um aniversário como tantos outros. Mais um aniversário como tantos outros. E ela não ligou pare ele. Mais uma vez... BIRTHDAY (SUGARCUBES) She lives in this house over there Has her world ou
FÁBULA DO IMPROVISO - Você merece mais que isso. - Mereço? - Merece. Claro. - Não sei da onde você tira essas idéias, essas demências. - Do fundo da minha loucura? - É. - Deixa de ser boba. - Não. Não deixo. - Por que? - Porquê o quê? - Pára. - Não. - Pára, por favor. - Com o quê? - Com estas idéias idiotas de que você não é maravilhosa. - Ah, tá. Só porque você pediu. - Não tem espelho em casa? - Não. Você tem? - Tenho. - No teto? - Haha, não. Não no teto, mas tenho no quarto. - Então me leva para lá e me mostra. - O quê? - Como sou bonita, toda nua na cama ao seu lado. - Agora? - É. E eu sou mulher de brincadeiras? - Não. Definitivamente não. - Então vamos. - E depois, posso dormir? - Claro. - E fumar? - Lógico. - E beber? - Também. - E você cozinha para mim depois de me comer? - Te adoro, sabe? - Cozinha? - Claro. - Então vamos, mas cooking wine... - Ei, isto é uma música. - Alkaline Trio. - Ah... - E eu sou uma idiota falastrona. - Vamos? - Vamos. Imediatamente... e partiram, deixa
QUANDO A DANÇA FURIOSA NÃO SUFOCA A DOR Ela entrou no quarto chorando. Os olhos estavam inchados. Inchados de tanto chorar. Inchados de tantas lágrimas e lágrimas e lágrimas. Muitas lágrimas. Lágrimas doloridas, lágrimas de paixão, lágrimas de porradas. E, coitada, ela não se importava em tentar acertar. Não, definitivamente ela não se importava. Ela se importava e ficava cansada de SEMPRE, mas SEMPRE mesmo, ficar tão machucada. Este era o maior problema. Ficar sempre tão machucada, mesmo por alguém que não valia sequer um cobre, por alguém que não valia sequer um "e". Mas ela sempre se machucava e ficava sozinha na noite, sofrendo em silêncio. E o quarto, naquela madrugada, era o seu ambiente. Depois dos bares, dos clubes, dos amigos, da noite, do fim, havia apenas ela e o seu pequeno quarto. E dentro dele, segura e assim que chegou, ela despejou o mundo no carpete vermelho puído. Despejou o mundo sobre o carpete. Despejou o melhor do seu mais recente fracasso. As lágrimas s
MALDITO... APENAS MALDITO - Você é obcecado por canções tristes! Ele estava quieto, em total silêncio, apenas relembrando a voz doce e suave e cortante e desesperada e cruel daquela garota. - Você obcecado por pessoas más! Ele sabia que ela estava certa. Totalmente certa. Como sempre. E no meio da sala suja, repleta de roupas jogadas, tênis encardidos, espelhos de coca, garrafas vazias, cinzeiros cheios, cds mal gravados, revistas antigas, jornais amarelos, recordações doloridas, fotos em pb, guardanapos amassados, ele fixava os seus olhos verdes e grandes e tristes em dois pequenos e amassados pedaços de papel. O primeiro, que dizia: Você é obcecado por canções tristes! Você é obcecado por pessoas más! Você é obcecado por quem te deixa doente! Você espera que eu concorde com isso? Você espera que eu aceite isso? Você espera que goste disso? O que você espera de mim? O que, seu filho da puta? Te odeio, como jamais achei que pudesse odiar alguém. ... Alguém que eu amei muito mais do que
O MEDO TRISTE EM UMA SALA COLORIDA - Você está com medo de mim? - ela perguntou, meio divertida, meio provocante. Ele olhou para o teto e ficou em silêncio, tentando enxergar alguma resposta na atmosfera neon daquela sala. - Está? - ela insistiu, lust for life, lust for love. - Talvez. - Talvez? - É. Talvez. - Nem você sabe o que você sente? - ela arriscou. - Não. Definitivamente eu sei porra nenhuma sobre nada. Esta é a maldita verdade. Ela sorriu e apenas concordou com a cabeça. - Tudo é muito foda, sabe? - Você é um tremendo babaca - ela disparou, sem piedade. Ele olhou novamente para o teto e não disse uma palavra. - Nossa, você é muito babaca. Você sequer quer experimentar, tentar, enfim, sequer quer provar. - Provar o quê? Experimentar o quê. Que tortura - ele disse, sem paciência. Ela o encarou com fúria. Muita fúria - O meu beijo, seu imbecil. O meu corpo. Tudo - ela disparou, olhando direto para ele, olhando bem no fundo daqueles olhos azuis tão cheios de angústias e de vonta
RUIVA MILES DAVIS Ele era apenas um tolo. Um tolo apaixonado. Um tolo atordoado. Um imbecil. Passava as noites na sacada apertada, encarando a noite e o neon sob o véu de Miles Davis e de conhaques baratos. Olhava para as estrelas como se elas pudessem ajudar, como se elas, estrelas, pudessem realmente salvar a sua vida. Nem elas nem Miles Davis. Um total idiota. Era isso, na verdade, o que ele realmente era. Um total idiota. E além das estrelas, ele sempre tinha outra companhia naquela sacada apertada. Um maldito fantasma. Ela. A mais linda de todas as garotas ruivas. A mais linda de todas as garotas. Linda, sorrisos e licor. Linda, sorrisos e desejos. Mas agora era tarde. Tarde demais para qualquer tentativa, tarde demais para qualquer coisa além de cigarros, desejos, estrelas, conhaques, vontades e antigos discos de vinil. Ele desperdiçou sua chance, sua vez de apostar e ganhar. Fugiu. Como TODAS as vezes em sua maldita vida. Pobre imbecil. As pessoas sempre fogem quando encontram a
o post abaixo é apenas a continuação da estória anterior... nunca continuei um posto no outro quem sabe costurando todos, não sai uma grande estória, com começo, meio e fim... beijos...
BABE, WE WERE BORN TO RUN... ... E ela ficou ali, apenas vendo o seu amigo desaparecer entre o agito do Varsóvia. Ao olhar o seu copo quase vazio de Mojito, percebeu um guardanapo amassado, com um número de telefone e uma frase: "Liga prá ele. Seja feliz. Uma única vez em toda a sua vida. Te amo.". Ela sorriu e chorou ao mesmo tempo, enquanto pedia ao garçom mais uma bebida. Pegou seu celular, trêmula e discou os números anotados no guardanapo. Toques... Uma voz. - Alô? Ela mal conseguia respirar de medo e desejo - Alô. Um breve silêncio e uma voz suave, doce, feliz - Ei, não acredito. É você! Que bom. Que bom. Ela apenas sorriu e murmurou um sim tímido. - Não acredito que ele te convenceu. Não acredito. - É. Pode apostar que ele tem argumentos fortes para convencer os outros. - Ah, não duvido. Não duvido mesmo. Que barulho é este? - ele perguntou. - Ah, é o Varsóvia. Estou aqui esta noite. - Sozinha? - ele pergunotu. - Sim. As usual - ela brincou. - Humpf. A vida gosta de mu

QUANTAS PORRADAS ATÉ VOCÊ ENTENDER?

- Você espera isso mesmo? - ela perguntou, toda sorrisos. Ele a olhou de uma forma engraçada, quase humorística, apaixonada - Claro. Você não? Ela acendeu mais um cigarro e pediu ao garçom do Clube Varsóvia que servisse outro Mojito - Adoro esta canção - respondeu, apontando para o DJ do Varsóvia, solitário e em transe na sua cabine. Ele riu alto, pouco surpreso com a resposta. - Rindo? Pareço ser engraçada? - ela emendou. - Parece não, querida, você É engraçada - ele disparou - Engraçada prá caralho. - Não sei porquê. - Porque sim. É hilário ver como você foge e como você dribla e como você evita uma das coisas mais inevitáveis da vida. - Pff... lá vem. Nem precisa me dizer o que é esta "coisa" tão inevitável. Poupe fôlego. - Não? - ele perguntou, atiçando. - Não - ela concluiu, enquanto o garçom servia o seu terceiro Mojito naquela noite. - Tem certeza que sabe tanto assim? - Querido, eu tenho certeza do que você vai dizer. Vai dizer aquelas besteiras e mentira
AONDE O MAR VIRA O CÉU... - Então será mesmo dia 19? - ele perguntou, quase casual, quase indiferente. Ela evitou olhar para ele. Disfarçou olhando o mar, longe longe, aonde o oceano vira o céu - Sim. Dia 19, ou seja, próximo sábado. - Uma semana - ele lembrou, brincando com areia entre os dedos, desenhando nuvens e sonhos psicotrópicos. - É - ela disse, lacônica e breve. - Mas vai ser maravilhosos querida. Vai ser maravilhoso de verdade. Não acha? - ele perguntou, agora querendo apenas (auto)convencer de que ela estava certa, de que ela realmente estava fazendo o melhor, o correto. Ela encarou os dedos finos dele deslizando na areia - Não sei. Não sei se vai ser maravilhoso. Mas sei que é o quero fazer. Quero mesmo dar um basta e sumir. Viver. Sei lá. - Berlim. Berlim é longe não? - ele riu da própria besteira. Ela sorriu, enquanto sentava na areia molhada ao lado dele - Longe pacas. - E nós? - Nós? - É. Nós. - Nós o quê? - ela respondeu querendo evitar aquela pergunta, querendo evit
BOBAGENS SOBRE CÚPIDOS SÁDICOS Não há inspiração alguma. Não. Definitivamente não há qualquer inspiração. Nem uma foto, nem um desejo, nem um sorvete, uma dor, uma paixão, uma vida, uma morte. Não. Nada disso. Definitivamente, não há inspiração nesta manha tão cheia de chuva e nuvens chumbo. Pode ser o fim, o começo, o meio, qualquer coisa, mas o caminho parece liso, branco, único. Nada a dizer, nada a declamar, nada pelo que morrer, nada pelo que sonhar. O vazio entediante do espaço explode como uma tragada de nicotina no seu pulmão. E quando o tédio e o vazio são as coisas mais ressonantes em uma vida, ah, aí talvez seja melhor apenas chorar. beber umas tequilas, fumar algum cigarro. Entorpecentes. Escutar um disco de jazz antigo, mas jazz, porra, é das coisas mais chatas que existem na vida. Chato, chato, chato. Não que não seja maravilhoso ser Thelonious Monk ou John Coltrane. Neon e fumaça. Não, é chato apenas porque te faz sonhar e flutuar e lembrar do quão medíocre é e sempre se
BOBAGENS SOBRE CÚPIDOS SÁDICOS Não há inspiração alguma. Não. Definitivamente não há qualquer inspiração. Nem uma foto, nem um desejo, nem um sorvete, uma dor, uma paixão, uma vida, uma morte. Não. Nada disso. Definitivamente, não há inspiração nesta manha tão cheia de chuva e nuvens chumbo. Pode ser o fim, o começo, o meio, qualquer coisa, mas o caminho parece liso, branco, único. Nada a dizer, nada a declamar, nada pelo que morrer, nada pelo que sonhar. O vazio entediante do espaço explode como uma tragada de nicotina no seu pulmão. E quando o tédio e o vazio são as coisas mais ressonantes em uma vida, ah, aí talvez seja melhor apenas chorar. beber umas tequilas, fumar algum cigarro. Entorpecentes. Escutar um disco de jazz antigo, mas jazz, porra, é das coisas mais chatas que existem na vida. Chato, chato, chato. Não que não seja maravilhoso ser Thelonious Monk ou John Coltrane. Neon e fumaça. Não, é chato apenas porque te faz sonhar e flutuar e lembrar do quão medíocre é e sempre se
TANGERINA? NÃO MAIS... - Você é idiota? - ele perguntou, bravo. Realmente bravo. Ela apenas o encarou, com os olhos vermelhos, tão cheios de lágrimas, tão cheios de dor, tão cheios de mágoas, tão cheios de adolescência. - Porra, dá prá deixar o passado em paz? Dá prá deixar o passado não consumado em paz? Ela novamente o encarou, agora com os olhos ainda mais vermelhos, ainda mais cheios de lágrimas, repletos de dor, de arrependimentos, de mágoas, tão cheios de tudo. Ele acendeu mais um cigarro e disparou - E foda-se quem você não conseguiu e foda-se quem você não viveu e foda-se carinhas babacas com camisetas de artistas plásticos. Imbecis que não te perceberam. Será que você só quer ser infeliz nesta merda de vida? Ela "roubou" o cigarro dos seus dedos e virou o copo dele, ainda cheio de vodka, garganta abaixo. - Ei - ele reclamou - E desconta esta porra toda na minha vodka? - Eu sou egoísta! - ela disse. - É lógico que é. E prepotente e arrogante. Acha que o mundo vai para
INSÔNIA (SONHOS: CANÇÕES DE NINAR DO INFERNO) - Anne? Anne... A voz explodiu como uma bomba israelense. A voz explodiu como uma bomba e invadiu o seu sonho. Rasgante. Afiada como uma faca. E ela nem percebeu da onde veio. Acordou assustada. Acordou perturbada. Desesperada. Gotas gordas de suor escorriam pelo seu rosto. Tez linda. Pálida. Branca como a neve que ela jamais viu. Olhou para o relógio e não acreditou. Duas e meia. - Porra. Duas e meia - pensou, querendo morrer. Havia acabado de deitar. Nem vinte malditos minutos. Nem meia maldita hora. Nada. Apenas uma voz bastou. Uma maldita lembrança. Mais uma noite em branco. Em claro. Acordada. Sono? Que sono? - Anne? Anne... Ela olhou ao redor, como querendo entender. Ela olhou ao redor como querendo esquecer. Esgotada, foi até cozinha. Copo de água gelada não mata a dor. Decidiu ir para a sala e ligar o rádio. Péssima idéia. Lovesongs da madrugada são arsênico para corações fodidos. Lullabies malditas. O silêncio da noite, sem dúvida
QUANDO A MELHOR OPÇÃO É ABRIR A JANELA E DEIXAR O CALOR SAIR... E a noite estava quente. Muito quente. Tão fodidamente quente que ele mal conseguia pensar. Mal conseguia pensar. Mal conseguia pensar nos seus erros, mal conseguia pensar nos desejos, mal conseguia pensar em qualquer coisa que não fosse aquele maldito ar abafado, seco, sufocante e desesperador. Mentira. Grande mentira. Uma mentira filha da puta. Mais uma de suas mentiras. Tão usuais e presentes na sua vida como a sua própria sombra. Mentiras tão presentes na sua vida como a nicotina, o ãlcool, os entorpecentes, a música e os erros. Mentiras usuais e presentes. Porra, e mesmo com todo aquele calor desesperador e cruel de Janeiro, óbvio que ele conseguia pensar direito em tudo o que havia feito, em todas as besteiras que havia dito e no grande erro que havia cometido. Mais um enorme erro dentro do infindável rol de besteiras que ilustrava sua vida. - Você vai dizer apenas isto - ela perguntou, surpresa diante da porrada, su
HEY GLAU... te disse parabéns?? e você, criadora do Varsóvia, precisava do conto abaixo. e ele é todo seu... beijos prá quem é de beijos abraços prá quem é de abraços
O MELHOR DE UMA FESTA SURPRESA ENTRE DOIS AMIGOS (AMIGOS???) - Então tá - ele disse, com sua sempre igual e adorável cara de cínico, que ela conhecia tão bem e há tanto. - Então tá? Só isso? - ela perguntou, irritada diante dele. Irritada por sempre cair no papo dele. Irritada por gostar tanto e tanto e tanto dele. Irritada por ser AMIGA dele - Você esquece o meu aniversário, eu não aguento, reclamo com você, peço carinho e você apenas pede desculpas? - Oras, o que mais você queria? - ele se defendeu, tentando ter a situação sob controle. Tentando parecer apenas ele. - Talvez eu merecesse mais. - E eu não te dou sempre mais? - ele perguntou, esboçando um sorriso e acendendo um cigarro - Vamos dançar? Ela o olhou de forma inacreditável. Com um misto de surpresa e raiva, de amor e ódio, de fúria e decepção, de paixão e paixão. Apenas balançou a cabeça. - Porra, hoje é meu anivresário e você, além de esquecer, me traz aqui no Clube Varsóvia . Lugar nada especial. - Pô - ele quase gritou -
APENAS UM FECHO... Pele com pele. Lábios com lábios. Toques com toques. Apenas um fecho entre os colos... Toques, dedos, texturas, sonhos, desejos, vontades, cheiros, pele. Pele com pele. Lábios com lábios. Toques com toques. Apenas um dedo entre os sexos... Dedos macios, dedos suaves, dedos sutis, dedos, bocas, beijos, desejos. Pele com pele. Lábios com lábios. Toques com toques. Apenas um segundo entre os gostos... E os gostos e os lábios pareciam querer ser um só. Surgidos da mesma saliva. Da mesma fonte, fonte de distintas nascentes. E o peito parecia querer explodir. Explodir e surgir para brigar com a respiração ofegante, trêmula, insana, apaixonada. Escola de samba ritmada. Fogos de artificío ensurdecedores. E o peito parecia querer apenas surgir. Bronzear sob a luz do luar. Bronzear sob a luz amarela do luar. Linda. Dos amantes. Corpos unidos. Beijos e toques e dedos e pele. Apenas um fecho... Os vidros do carro eram estilhaços de imagens, estilhaços repletos de desenhos e figu
EY, EU VOLTEI... e queria dizer que estou CHEIO de idéias e feliz. e com vontade de agradecer e desejar um FELIZ 2006 A TODOS see you...