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SOMBRA E FUGA

Ela estava cansada. Estava tão cansada como jamais havia imaginado estar. Seus pés doíam, suas mãos tremiam, suas veias eram puro destilado tóxico. Sua cabeça nem parecia mais existir. Seus olhos estavam opacos, sem aquele brilho verde que sempre esteve presente. Seus cabelos estavam sujos.

Ela estava cansada. Tão cansada como jamais imaginou alguém poder ficar. Seus dedos estavam frios e suados. Suas pernas mal apoiavam seu pequeno e outrora delicioso corpo. A caneta tremia e ela não conseguia escrever nenhuma palavra. Nenhuma palavra. A madrugada era alta. Dali a poucos instantes, talvez o sol, talvez a chuva, pouco importa, iria aparecer e matar a noite. Mais um longo dia para ela.

Ela estava cansada. Tão cansada que resolveu sair. Ir embora sem mensagem nenhuma.

Ela abriu a porta e foi embora. De uma vez por todas. Sem saber para onde ir, sem saber do que fugir.

Sem saber?

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,