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Mostrando postagens de março, 2004
BATALHAS PERDIDAS (PERDIDAS??) “ I begged you not to go. I begged you, I pleaded. Claimed you as my only hope and watched the floor as you retreated. ” (The Good Fight – Dashboard Confessional) Nada como uma boa luta. Nada como uma boa batalha. Nada. Nada tão revigorante e também nada tão assustador, pois quem poderá nos deter quando, no auge da nossa fúria, deixarmos todos os nossos pensamentos cristãos de lado, e então, nosso único objetivo se transformar em um estranho e prazeroso desejo de vingança? Ninguém... Mas... foda-se, como eu ia dizendo, nada como uma boa luta. Nada como uma boa batalha. Nada e nada e nada e nada. Porém, estranhos, a batalha, ainda que boa, cansa o lutador. Cansa, claro que cansa. Cansa e mente quem diz o contrário, o avesso, o reflexo, o espelho. A batalha cansa quando o gosto de sangue se torna palatável e a garganta deixa de suportar engolir a dor e a rispidez e a maldade. O sangue desce como líquido nojento e viscoso
ESPELHOS LOUCOS (TRANSFORMANDO SÁBADOS EM DOMINGOS) E lá estava ela. Mais uma vez. Sentada àquela mesa de bar, olhando o movimento de pessoas estranhas, de pessoas comuns, de pessoas normais, de pessoas rasas, lotadas, aborrecidas. Olhando o copo de cerveja que ficava um pouco mais vazio a cada gole. Olhando os garçons, graciosos e mal humorados, levando e trazendo bandejas e copos e bebidas e comidas e cinzeiros sujos e cinzeiros limpos. E lá estava ela. Ainda mais uma vez. Sentada àquela mesa de bar, olhando os sorrisos dos outros e lembrando dos seus próprios sorrisos antigos. Próprios sorrisos antigos. Bem antigos. Sentada àquela mesa de bar. Tão dela e de suas preciosas amigas. Parecia que nada poderia devastar aqueles sonhos, aqueles desejos, aqueles beijos, aquela amor, aquela poesia, aquela loucura. “ Quando eu queria mudar o mundo, meu carro vivia cheio de gente ” – ela pensou, nostálgica, lembrando dessa frase profética, contida em um encarte de um velho disco de vi
NOITES CLARAS OU NOITES INCÔMODAS (APENAS PARA QUEM CHORA, APENAS PARA QUEM CHORA) A noite estava muito clara. Muito clara. O reflexo suave do luar invadia a janela aberta e pousava, inconseqüente, na fotografia rasgada sobre a cômoda. A noite estava tão clara, mas tão clara que, mesmo com as luzes apagadas, era impossível esconder do espelho as marcas e os sulcos deixados pelas incômodas lágrimas amargas. Lágrimas salgadas. Lágrimas indesejadas. Lágrimas inevitáveis. A noite estava tão clara e era apenas uma criança. Maldita criança. Ela estava deitada no chão, olhando o brilho invasor e apenas pensando em como esconder tanta dor...como esconder tanta dor. Às vezes é apenas... impossível... Impossível...
O texto abaixo... é um texto daqueles que só se pode ler com os headphones ligados em ótimo volume. Então, please, usem os headphones e fiquem felizes ... se esse for o caso, claro. ALL STAR (Nando Reis) " Estranho seria se eu não me apaixonasse por você O sal viria doce para os novos lábios Colombo procurou as Índias Mas a terra avisto em você O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário Estranho é gostar tanto do seu all star azul Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras Satisfeito sorri quando chego ali E entro no elevador Aperto o 12 que é o seu andar Não vejo a hora de te encontrar E continuar aquela conversa Que não terminamos ontem Ficou pra hoje Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu Seu all star azul combina com meu preto de cano alto Se o homem já pisou na lua Como ainda não tenho seu endereço? O tom que eu canto as minhas músicas pra tua voz Parece exato Estranho é gostar tanto do seu all star azul... "
TÊNIS VELHOS E AMORES PERFEITOS EM ESQUINAS DE SOL Manhã de sol. Muito sol. Lugar? Uma esquina. Bairro? Qualquer um. Cidade? Qualquer uma. Poderia ser com você, não? Não? Não duvide, por favor. Apenas não duvide. ... Assim que virou a esquina, ele suspirou aliviado. Ela estava lá. Parada. Parada e linda e maravilhosa e contundente e fabulosa. Ainda mais uma vez, ela parada naquele ponto de ônibus, aguardando o seu matinal meio de transporte. Ele sorriu de leve e sem graça, como em todas as manhãs; ela meneou sem graça a cabeça, como em todas as manhãs; ele evitou olhá-la, como em todas as manhãs; ela percebeu o olhar disfarçado, como em todas as manhãs; ele a achou linda, como em todas as manhãs; ela se achou feia, como em todas as manhãs; o ônibus chegou, como em todas as manhãs; eles entraram nele, como em todas as manhãs; sentaram-se longe, como em todas as manhãs; desceram em pontos distintos, como em todas as malditas manhãs. ... Outro dia... Manhã de sol,
VERDADES À TARDE... - Então tá - ele disse, nervoso - Como assim? - ela respondeu - Então tá, porra. Você já disse tudo o que tinha para dizer. Já disse o que queria dizer. Já disse todos os absurdos que queria. Só que eu cão concordo com essa merda toda. Eu não concordo com todas as besteiras e com todas as merdas e com todo o ressentimento que você me disse, que você me jogou na cara. - Tem medo da verdade? - ela arriscou, sarcástica Ele a olhou com ódio. Um ódio jamais antes visto - Não. Não tenho medo da verdade. Tenho medo de você. Ela a encarou fria e distante, como se não fosse a mesma pessoa que há dois anos estava com ele, e disse, aflita - Você deve ter medo de você querido. Apenas de você. Não do nosso amor, que já foi pro saco, e nem de mim, que nada te fiz além de te falar umas merdas de verdades. Isso dói seu babaca. Em nós dois, caralho. Mas você tem que escutar. Tem que escutar. Uma vez na vida que seja. - Eu acho que vou fazer uma tatuagem - ele disse, evi
TODOS OS AMORES QUE HOUVER NESSA VIDA. TODOS Ela entrou em casa completamente atordoada. Seus olhos brilhavam e seus lábios ainda estavam molhados pela paixão. Ela não acreditava em tudo aquilo. Não, ela não acreditava. Parou em frente ao espelho do hall da sala e ficou admirando suas feições. Percebeu que aquele brilho no seu olhar e o vermelho dos lábios era apenas...amor. Um amor descoberto. Surpreendente. Novo. Simplesmente amor? E ele precisa ser definido? Ela encheu um copo americano de gim e virou em um gole. A mistura dos sabores era deliciosa. No bolso do casaco dela, um guardanapo amassado e todo roto, escrito com pequenas letras feitas em lápis grafite: “ Será que você ainda não percebeu que eu te amo, porra! Então eu digo com todas as letras. EU TE AMO. Me dá um BEIJO AGORA! Alice ”. ... Ele entrou em casa completamente atordoado. Seus olhos brilhavam e seus lábios ainda estavam molhados pela paixão. Seu queixo ardia e o cheiro de perfume era
GAROTOS E GAROTAS. MOLEQUES E... - Então tá – ele disse, ríspido – Faça o que bem entender da sua vida. Ela apenas o olhou com um ligeiro ar de superioridade – falsa e fugaz superioridade – e disparou, fingindo ser má – Eu sempre fiz o que quis da minha vida. Só que você, idiota, nunca percebeu – finalizou, virando mais um gole de tequila. Ele a encarou por alguns segundos - Tem razão querida. Tem toda a razão. Eu nunca percebo nada da sua vida, nada do que você faz, nada do que você pensa, nada do que você é, enfim, nada do que se passa ao meu redor – ele disse, agora irônico – Absolutamente nada. Porra nenhuma. Nada, nada e nada! Ela sorriu, marota - É por isso que você é meu melhor amigo – sentenciou, com um belo e lindo sorriso. Ele retribuiu o sorriso e falou, com todo o afeto, como o quintal da casa da avó – Você é um doce, sabia? Um doce. De verdade. Um adorável presente. Daquelas pessoas que surgem na nossa vida do nada, apenas para torná-la mais suportável a cada dia,
PASSADO - Você podia ter sido menos cruel - ela disse, agressiva, enquanto a festa rolava insana. Ele a olhou com um misto de pena e falta de carinho e falta de pudor e disparou - E você podia ter sido mais compreensiva. Seus olhos ferveram de ódio. Ela podia sentir a raiva explodindo em cada pálpebra - Compreensão? Compreensão? - ela repetiu e desistiu, apenas para depois virar-se e deixar todo o seu passado para trás... quem já não fez isso antes? Livrar-se do passado ... antes que ele fizesse isso por nós...
NOITES QUENTES E LÁGRIMAS DOCES A noite estava tão quente. Ele mal podia respirar. Talvez o medo. Talvez o cigarro. Talvez os seus excessos. Talvez apenas o calor. A noite estava tão quente. - Maldita - ele pensou - Será que quem ama pode ser tão cruel, tão cruel assim? A noite estava tão quente. Seu coração, ao contrário... e aquelas lágrimas não eram nada doces. Definitivamente!