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Mostrando postagens de janeiro, 2004
TODAS AS CORES REFLETEM AS DORES Havia ratos correndo sem parar, pelo asfalto ainda úmido com a maldita chuva quente que desabou durante toda a madrugada. Já fazia mais de uma hora que havia chovido. A umidade quente e presente nos poros da calçada e nos poros do maldito asfalto era como veneno. Um doce e suave veneno, capaz de matar o mais “corpo fechado” dos mortais. Aquele pobre coitado com o coração fechado para o sorriso, para a dor, para, enfim, o que for. Apenas os ratos, as baratas, a sujeira, as guimbas amassadas de baseados mal fumados, as pulgas, os cacos, os destroços, enfim, apenas o lixo e o que não importava e o coração fechado podia com toda aquela umidade. A noite era cinza; a lua, encoberta, amarela; a lágrima, presente, escura; a raiva, abafada, barbante; a dor, evidente; tão branca; a saudade, suave, azul; o amor, destruído, vermelho...ferido de morte. Como se não houvesse mais amanhã. E ele estava lá...com os ratos, o asfalto, a dor, a madrugada...apena
TRAIÇÃO VIOLETA - Detesto gente falsa e hipócrita e filha da puta – ela disse, irritada e chorando, ao telefone. - E quem não detesta? – ele retrucou – Ao menos dessa vez, é alguma pessoa que eu conheço? – a amiga perguntou. - Claro que é – ela disse. - Então? – a amiga perguntou. - É ele – ela respondeu, baixo. A amiga ficou em silêncio. Ela havia descoberto tudo. Ele e a amiga. Uma improvável e amarga traição. Violeta como só pode ser a dor. Violeta como jamais será A cor.
HELLO Aceito sugestões por favor... sobre canções já escrevi, sobre cigarros também, sobre lágrimas e sobre muitas coisas. Gostaria de escrever sobre cores...alguma sugestão? Amanhã coisas novas...prometo
SEMPRE DESISTINDO " Você pensa que eu sou um fraco, né? Um idiota, um babaca, um trouxa? Você pensa que eu não sou capaz de fazer nada, mas nada mesmo, porra nenhuma que possa ser útil ou de algum valor ou boa, enfim, que sirva para qualquer pessoa. Você pensa que eu sou um merdinha deprimido e presunçoso, que pensa que essa minha carinha triste pode evitar que a verdade da minha inutilidade exploda bem diante dos meus olhos. Você pensa que eu sou tudo isso, não? Você pensa, não pensa? Então, minha querida, fique sabendo que, por mais que tudo isso seja verdade, ou melhor, por mais que tudo isso tenha uma pequena superfície de verdade, eu quero que você fique sabendo que eu não sou nada disso, eu não aceito nada disso, eu não quero para mim nada disso. Nenhuma dessas coisas ruins, nenhuma dessas coisas idiotas, nenhum desses rótulos infundados e errôneos e imbecis que você formulou de modo absolutamente homicida. Fique sabendo apenas isso... NÃO PRECISO MAIS DE VOCÊ ! Nã
BIRTHDAY - Então hoje é o seu aniversário? – ele perguntou, sorrindo. - Exatamente. Meu aniversário. - Preciso te desejar todas aquelas coisas boas que umas pessoas desejam às outras nesta data? Ela o olhou com um sorriso inundado de alegria – Claro que não, seu tolo. Eu sei que você somente me deseja coisas boas. Somente coisas boas e cheias de alegria. - Vamos tomar uma vodka? – ele perguntou. - É para já – ela respondeu – mas você paga, ok? Afinal, pô, é meu happy birthday. Ele apenas a abraçou com todo o carinho do mundo, como somente os melhores amigos sabem fazer – Claro, querida, claro...
SABENDO MACHUCAR “ Eu apenas gostaria de saber algumas coisas. Algumas pequenas e malditas coisas, para as quais sequer consigo imaginar uma resposta adequada. Eu gostaria de saber a razão de tanto cinza e de tanta chuva. Será que não é o bastante, todo o agito das correntes do mar? Será que não é o suficiente, todo o estrago causado pelo otário que não sabe amar? Será que não é o bastante, todo o erro ortográfico e banal cometido por quem não sabe escrever? Será que nunca é e nem nunca será o bastante? Eu apenas gostaria de saber e poder e ter condições de enfrentar algumas coisas. Eu gostaria de saber a maldita razão de um cigarro queimar tão rápido; de uma garrafa acabar tão rápido; de uma garganta secar tão rápido; de uma noite passar tão rápido; de uma vida acabar assim, tão rápido. Eu gostaria tanto de saber. O problema é que eu apenas “gostaria...”. Não tenho saco e nem coragem e nem vontade e nem cara de encarar essas porras de perguntas e enfrentar essa porra
CHICLETES, APENAS CHICLETES Ela era apenas uma garota normal. Uma garota normal que adorava uma vida normal, principalmente a SUA vida normal. Ela curtia bastante música normal, filmes normais, roupas normais, bebidas normais, cabelos normais, garotos normais... bem, na verdade eu creio que isso não. Não exatamente. Ela até podia adorar e curtir garotos normais, porém, infelizmente (será?), ela sempre se envolvia e se apaixonava e gritava e sofria e chorava e enlouquecia de amor pelos garotos errados. Pelos garotos nada normais. E mesmo nessas horas, eu bem me recordo, ela ainda tentava acertar, mantendo por perto a lembrança do que a sua velha avó Zilda lhe dizia, nas distantes e amareladas tardes de domingo na sua sala de estar: “ Ninguém é muito normal mesmo, minha querida, qual o problema em cometermos pequenas loucuras? ”. Nenhum – ela concordava – Nenhum, mas o meu problema não é o de cometer pequenas loucuras. O meu problema, saco, o meu grande problema, é sempre o de c
ALVOS CERTOS - Parabéns – ela disse. - Posso saber o motivo da ironia? – ele perguntou, irritado. - Você acertou em cheio o alvo – ela disparou. Ele a encarou em silêncio - Podia ter deixado menos estilhaçada. - Não tenho culpa se você me amou tanto – ele se defendeu, covarde. - Nunca se tem, não é mesmo? Nunca se tem.
O GUARDA SOL COLORIDO - Ei, olhe por onde pisa – ela gritou, a tempo de evitar que aquele garoto com cara de perdido esmagasse os seus novos escuros escuros. Ele a encarou meio sem jeito e sem saber o que estava acontecendo e não respondeu nada. - Não olha por onde anda não? – ela prosseguiu, agora mais calma, mas ainda querendo briga. - Desculpa, desculpa. Mas também, porra, convenhamos que não dá para ficar largando óculos de qualquer jeito numa praia lotada né? Qualquer idiota como eu, por exemplo, pode pisar neles – retrucou, sorrindo. Ela o olhou com atenção e reparou como ele era lindo. Muito bonito mesmo. Claro que não aquela beleza normal, de capa de revista, afinal isso só acontece nas merdas das novelas e tal, ele era apenas dono de uma beleza que a agradava e muito. Ele era dono de uma beleza absolutamente normal, absolutamente simples, absolutamente cotidiana. - Então, tô desculpado? – ele perguntou, querendo rir da situação. - Relaxa, cara. Eu é que ando estres