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TUDO O QUE ELA QUERIA...

Tudo o que ela queria era ser importante para ela...

Os seus pensamentos flutuavam naquela noite. Ela estava absolutamente obcecada por Lúcia. Apaixonada. Mas não de uma forma sexual, romântica ou o que quer que fosse. Ela estava, na verdade sempre foi, fraternalmente apaixonada pela amiga. Ela realmente amava a sua amiga Lúcia. Queria ser como ela. Independente, decidida, objetiva, direta, moderna, fumante ativa, mochileira, enfim, Lúcia. Uma garota com a idade dela, com muito menos dinheiro que ela, porém com muito mais vontade de viver. Muito mais vontade de ser feliz. Lúcia era a antítese dela. Lúcia gostava de “tentar”, pouco importando se iria dar certo ou não. Lúcia gostava de viajar, pouco importando como chegaria ou voltaria do seu destino. Lúcia não tinha medo ou, se o tinha, disfarçava como poucos. Os seus pensamentos flutuavam naquela noite. Ela estava aflita e desesperada. Sabia que Lúcia não voltaria a ligar para ela. Não depois de tudo o que ela lhe disse, não depois de todas as acusações e mentiras e devaneios que ela havia cuspido na sua cara. Todos os seus acúmulos foram jogados na cara de Lúcia. E Lúcia não merecia isso. Por tudo o que já haviam vivido juntas, por tudo o que já haviam dividido. Lúcia foi a sua melhor amiga por muito tempo. Por muitas noites chuvosas, quentes, noites regadas a tequila, vodka, pinga, regadas a psicotrópicos, regadas a desejos, loucuras, sonhos e paixões. Lúcia foi a sua metade que deu certo. A sua metade que soube viver. Era por isso que ela se espelhava e desejava tão ardentemente ser Lúcia. Estava arrependida de ter falado tanta besteira naquela porra de noite. Arrependida, mas também magoada. Magoada porque, apesar de tudo, ela estava ferida. Amava Lúcia, mas não iria ligar. Não iria pedir desculpas. Não iria voltar atrás. Seu estômago apertou com tanto orgulho e desespero. Tudo o que ela queria, era ser novamente importante para ela...para aliviar toda aquela dor...toda aquela dor...


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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,