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ALGUÉM NOVO PARA SER VOCÊ

É bom inventar alguém novo para ser você

E ela disse isso, assim, na sua face. Sem o menor pudor, sem o menor constrangimento, sem a menor piedade. Não se importou se ele ia chorar, beber, se drogar, se matar, enfim, se desesperar por não mais tê-la. Por ter, finalmente, percebido que jamais voltaria a tê-la. E ele ouviu aquelas palavras duras soar como trovões dentro dos seus ouvidos. Como uma explosão de uma bomba muito barulhenta. Uma bomba cruel. Uma bomba mortal. O efeito conseguiu ser ainda pior do que aquele ruído infernal. O efeito foi devastador. Foi devastador. Ele se sentiu derrotado. Como há tempos não se sentia. Ele se sentiu acabado, aniquilado, destroçado. Não encontrava palavras em seu escasso vocabulário para fazer frente ao que ouviu. Não conseguiu dar o troco. Dar o tapa na cara que gostaria. Engoliu seco e sentiu seu coração batendo desesperadamente acelerado. Desesperadamente descompassado. Desesperadamente triste. Não chorou. Não, ela não o veria chorar. Lágrima alguma. Lágrima alguma. Ela não merecia isso. Mas, quando a porta do carro se fechou e ele ficou lá, sozinho, enquanto ela entrava na sua casa, ele percebeu que nem isso ela queria. Nem mesmo vê-lo chorar. Talvez fosse bom inventar alguém novo para ser ele próprio. Para ser ele próprio...

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
O GUARDA SOL COLORIDO - Ei, olhe por onde pisa – ela gritou, a tempo de evitar que aquele garoto com cara de perdido esmagasse os seus novos escuros escuros. Ele a encarou meio sem jeito e sem saber o que estava acontecendo e não respondeu nada. - Não olha por onde anda não? – ela prosseguiu, agora mais calma, mas ainda querendo briga. - Desculpa, desculpa. Mas também, porra, convenhamos que não dá para ficar largando óculos de qualquer jeito numa praia lotada né? Qualquer idiota como eu, por exemplo, pode pisar neles – retrucou, sorrindo. Ela o olhou com atenção e reparou como ele era lindo. Muito bonito mesmo. Claro que não aquela beleza normal, de capa de revista, afinal isso só acontece nas merdas das novelas e tal, ele era apenas dono de uma beleza que a agradava e muito. Ele era dono de uma beleza absolutamente normal, absolutamente simples, absolutamente cotidiana. - Então, tô desculpado? – ele perguntou, querendo rir da situação. - Relaxa, cara. Eu é que ando estres
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