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PALAVRAS E MANHÃS DE SOL

Ele abriu os olhos, devagar, e percebeu que provavelmente estava um puta sol naquela manhã de sábado. A claridade estava muito intensa dentro do quarto e, mesmo com a persiana fechada, dava para sentir o sol. Ele girou os olhos e deu um sorriso. Ela estava ao seu lado. Dormindo. Ele movimentou seu corpo devagar e saiu da cama sem fazer qualquer ruído. Foi ao banheiro, não sem antes admirar por alguns instantes o corpo dela, lindo, nu em sua cama. Ele estava feliz. Muito feliz.

Assim que saiu do banheiro, sua voz suave e doce e adoravelmente rouca preencheu o pequeno quarto.

- Já acordado? – ela perguntou, preguiçosa.
- Bom dia.
- Bom dia – ela respondeu, tentando cobrir parcialmente o seu corpo com o pequeno lençol de solteiro.
- É cedo ainda – ele disse – Não quer dormir mais um pouco?
- Não. Cansei.
- De dormir? – ele perguntou, com um sorriso.
- Não. Cansei de sonhar dormindo. Quero acordar. Quero viver. Quero gritar. Quero dar as boas vindas ao nosso amigo sol – ela respondeu, feliz.
- Então faça isso, querida. Então faça isso. Dá para começar hoje. Está um lindo dia de sol – ele disse, enquanto acariciava os seus cabelos – Vou preparar o café.

E enquanto vestia uma camiseta antiga qualquer, ele escutou, atrás dele, aquela voz suave e doce e adoravelmente rouca dizer baixinho, num tom quase inaudível – Te amo.
Ele virou-se surpreso e, com os olhos brilhando de luz e quase lágrimas, disse – Como?
- Eu te amo senhor Carlos Eduardo, vulgo Cadu. Eu descobri que simplesmente te amo. Preciso dizer mais? – emendou, alegre.
Ele caiu sobre a cama e disse, feliz – Parece um sonho, sabe? Eu preciso te dizer que eu também te amo? Depois de todo esse tempo?
Ela sorriu e respondeu, tranqüila, abraçando-o com muito amor – Claro que não. Seus olhos já me disseram tudo. Já me disseram tudo.

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NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,