Pular para o conteúdo principal


BOA VIAGEM

POR FAVOR, USE OS HEADPHONES
(DEUS - SERPENTINE)


- Então é isso Bia? – Gloria perguntou, com uma certa tristeza no olhar.
- Receio que sim. Receio que esse é o momento de dizermos “até a volta”. E pode apostar que eu vou voltar. Quando? Não sei, mas vou voltar.
- Vai me escrever, pelo menos?
- Claro que sim Glorinha. Claro que vou. Uma carta por cada sentimento que eu tiver que dividir com você. Uma carta por cada novidade, enfim, milhares de cartas.
- Espero que você não esqueça disso – pediu, enquanto abraçava com força a amiga.
- Claro que não vou esquecer. Claro que não.
- Você não precisava ir, precisava? – perguntou Gloria, fazendo força para não chorar.
- Querida, você sabe que sim – respondeu Bia, com um sorriso terno – Você sabe que eu preciso fazer isso. Que eu preciso encontrar e colar bem colado todos os estilhaços em que me transformei. Você, mais do que ninguém, sabe como eu estou feliz com tudo isso. Como estou feliz em poder ir.
- Tem razão Bia. Desculpe-me. Você tem toda a razão. Você merece ser feliz e eu estou muito feliz por você. De verdade. Espero que entenda esse rio de lágrimas. Você vai fazer muita falta.
- Eu entendo querida, eu entendo. Mas vou estar por perto. Pode apostar.
- Então vá. É seu avião que estão chamando agora, não? Vá antes que você o perca – disse, quase gaguejando.
Bia a olhou com muito amor e lhe deu um forte abraço e um beijo. Gloria disse – Vá, vá, e cuidado com o dinheiro e com seus documentos e não beba e não fume demais. Sei como você é. Seja cuidadosa.
- Pode deixar querida, pode deixar – disse Bia, mergulhando entre a multidão, não sem antes virar e mandar um beijo carinhoso com a mão para a amiga que a observava naquele frio e triste saguão de aeroporto – Eu vou estar por perto – gritou Bia, para surpresa dos guardas do aeroporto – Eu vou estar por perto. Até a volta.
- Boa sorte querida, boa sorte. Seja feliz... – disse Gloria baixinho, entre lágrimas e sorrisos e saudades.



Serpentine
(Deus)


"I'm caught in the flow of things
My memory's a broken machine
This is how my day begins
This is just one day unseen

Lets do it serpentine any time
Lets do it right here
Lets do it serpentine, i don't mind
Lets do it right here

It is bad that you're good for me
Did I love you just randomly?
I'm caught in the flow of sound
And you're just some melody

Let's do it serpentine, any time
Let's do it right here
Lets do it serpentine, i don't mind
Lets do it right here

There's a cute little litany
Put it on my shoulder
Eight o'clock and we agree
It makes me look much older

Got my clockwork company
Got my dark green trenchcoat on
I'm sure it will always be
Someone staying and someone gone

Let's do it serpentine, any time
Let's do it right here
Lets do it serpentine, i don't mind
Lets do it right here
"

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

NUCA

Ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Definitivamente não. Sem contas, protestos, cobranças ou ligações indesejadas. Nada. Nada a perturbar. Existiam apenas os lábios de Fernanda em sua nuca. Lábios deliciosos e densos. Intensos. Sempre pintados de uva. Sempre lindos. E os arrepios. Muitos arrepios. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. Muito feliz. Não existiam mais as más notícias. Não. Defitivamente não. Havia um aroma de uva no ar. Um perfume. E palavras sussuradas na dose certa. Na dose certa. E ela entrava em transe. Transe total. O lábio de Fernanda em sua nuca a deixava completamente feliz. Muito feliz. E molhada. E o abraço que vinha depois era como um gatilho para uma boa noite. Toques. Reflexos. Seios.
APENAS RELÂMPAGOS... O beijo que você me deu sob o sol A chuva molhando os campos de maçã (Sob o Sol - Vibrosensores) Lembro que choveu MUITO naquela tarde. Muito mesmo. Mais do seria normal em qualquer outro dia, em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Tudo estava bem, mas o céu, como puro capricho, decidiu se rebelar. O céu, assim de repente, tornou-se cinza. Absurdamente cinza. Cinza chumbo, quase noite. E choveu muito mesmo naquela tarde. Como jamais eu pensei que poderia chover em qualquer outro dia normal. Em qualquer outro dia que não aquele. Maldito. Lembro-me que eu estava no parque central, quieto, pensando nas verdades que eu havia ouvido e arquitetando uma fuga mirabolante do viciado e repetitivo labirinto caótico que a minha vida havia se transformado. Lembro-me que não estava sol, nem tampouco abafado, e que, portanto, não havia tantas nuvens no céu capazes de provocar aquela tempestade. Não mesmo. Mas, ainda assim tudo aconteceu. Não me dei conta, e,